Pista 01/19 da BA6 Montijo sujeita a um verdadeiro crime ambiental e paisagístico!

Para quem não tem uma ideia sobre onde se situa a pista 01/19, na BA6 do Montijo, aqui deixamos alguns elementos que podem ajudar a entender melhor o que iria estar em causa com o uso, para fins civis, dessa pista e com o seu, digamos indispensável, prolongamento.

O cidadão comum não tem, não tem que ter, uma noção do que significa falar da pista 01/19.

Este conceito/designação está determinado pelas normas e caracterizações mundiais.

Como é fácil entender, as pistas têm uma determinada orientação e implantação geográfica. Assim, quando se fala em 01/19 (poderíamos falar de 08/26 que é a pista mais usada pelos aviões militares no Montijo) estamos a querer dizer o seguinte:

A pista tem uma orientação magnética cujas “coordenadas” são 10 graus a Sul e 190 graus a Norte. Temos assim que a cabeceira Sul da pista se denominará 01 e a cabeceira Norte 19.

A orientação dos ventos predominantes, na maior parte do ano, é do quadrante Norte. Assim, as aeronaves civis farão, na maior parte do tempo, a sua aproximação (aterragem) no sentido Sul/Norte.

Nessa aproximação, as aeronaves irão sobrevoar uma vasta área e a altitudes cada vez menores, os territórios da Quinta do Conde, Coina, Palhais, Santo António, Vale da Amoreira, Baixa da Banheira e Lavradio.

Em cerca de 25% do ano, mais ou menos, farão o inverso. Aterrarão no sentido Norte/Sul e descolarão nesse mesmo sentido.

Ao fazê-lo, vão ter que se cruzar com milhares de aves, parte das quais constituindo bandos de largos milhares de indivíduos, quer na aterragem quer na descolagem. Surge aqui a possibilidade de ocorrer o designado “Bird Strike” (colisão das aves com os aviões).

Para que a pista o1/19 possa ser utilizada pelos aviões civis, é indispensável o seu prolongamento (cerca de 90 metros para Norte e 300 metros para Sul – Estudo de Impacte Ambiental). Significa isto que a pista terá que ser prolongada para Sul, para dentro do estuário do rio Tejo, no equivalente a 3 campos de futebol. Para Norte a pista terá que ser prolongada em quase um campo de futebol.

Como a pista não está rigorosamente na horizontal (a pista tem uma inclinação Sul/Norte de cerca de 0,35%) significa que toda ela terá de ser “alteada” mesmo que a inclinação seja, ligeiramente, inferior.

Na prática e caso fizéssemos um corte transversal ao terreno, estaremos a falar de uma altura equivalente a um edifício de 3 andares (r/c, 1º e 2º andar).

Trata-se de uma “monstruosidade” paisagística com enormes impactes no local.

Acresce a isso, e o EIA é omisso nesse aspecto, que caso não seja refeita a pista 08/26 (a que é actualmente usada pelos aviões militares) ficará a existir um “degrau” (desnível) entre as duas pistas bem como se colocarão problemas nos caminhos de circulação (“taxiways”).

Quando se afirma, que a transformação da BA6 no Montijo é mais barata e mais rápida de executar é como se estivessem a atirar “poeira para os olhos” de todos nós.

As fotos e o vídeo aqui colocados, foram captados a partir do “monte do gesso” na Barra a Barra e junto da Simarsul,  pretendem demonstrar o “crime” que ANA/VINCI, com o suporte do governo, querem levar a cabo.

Na sua aproximação pelo lado Sul, os aviões irão rasar o mastro de comunicações dos catamarans que fazem a travessia Montijo/Lisboa/Montijo, colocando forte pressão ao nível da segurança e do ruído sobre embarcações e passageiros.

Sem dramatizar mas tendo consciência cívica, bastaria lembrar a predominância de fortes nevoeiros nesta zona e no período do Inverno. Sem pretender especular, estamos perante o “cocktail perfeito” de conjunção de factores de risco para o acidente.

 

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